quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eau de Pamplemousse Rose é uma colônia agradável, mas dura apenas 5 minutos na pelE

Eaux, ou águas perfumadas, foram as primeiras fragrâncias a surgir na Terra: o equivalente ao perfume da era jurássica. Um exemplo é o 4711 Echt Kolnisch Wasser, criado em 1792 em Koln, numa época em que a moderna cidade alemã ainda era um estado soberano dentro do Império Romano. O nome francês para Koln, Cologne [Colônia, em português], nos deu a água-de-colônia.
  • New York Times A colônia Eau de Pamplemousse rose, da Hermés

Mas as águas podem ser problemáticas. O melhor modo de descrever o 4711, que ainda é fabricado, é “impossível de ser usado”. Mas o adjetivo é quase importante demais para o triste vazio da fragrância, que consiste de um toque dos óleos de limão e toranja e uma ou duas plantas aromáticas. Águas de colônia costumam ser fugazes, desaparecendo da pele ou por completo – como um êxtase olfativo - ou parcialmente, o que é ainda pior, pois o que resta depois da desintegração é uma coleção randômica de moléculas que simplesmente não desgrudaram. O que resta é quase sempre amargo, frequentemente pungente e raramente agradável.

Entretanto, a ideia no âmago de uma eau fraiche (essencialmente a mesma água-de-colônia) sobreviveu até o presente momento porque o conceito, quando bem executado, é muito atraente: um leve e refrescante choque de eletricidade cheiroso abastecido com óleos que variam entre os vários tipos de limão e de laranjas doces e azedas, que são como luz líquida, além de ervas frescas que fornecem uma sombra rica e refrescante, como a sombra de uma árvore frondosa em um dia quente.

A execução é a parte mais difícil. Pode-se tentar usando uma dose cavalar de bergamota (um dos melhores aromas do mundo), como o perfumista Jean-Claude Ellena fez para a colônia imortal Bigarade, para Frederic Malle. Ellena fixou sua bergamota com um toque de axila natural e tons de madeira. O trio criou equilíbrio entre frescor e tentação que até hoje está para ser superado.

A perfumista Françoise Caron tentou uma outra abordagem com o Eau d’Orange Verte da Hermès. Seu cítrico confronta, reforçando o amargor. E Olivier Cresp fez um trabalho extraordinário quando reinventou a água-de-colônia com o Light Blue, de Dolce & Gabanna; ele não só criou um limão refrescante e doce como fez com que ele perdurasse na pele sem se desintegrar.

Agora Ellena, o perfumista oficial da Hermès, criou duas variações para cada água. Antes, ele havia transformado a Eau d’Orange Verte de Caron em uma fragrância suntuosa e fascinante, que não pende para a madeira nem para a terra. Ele removeu o amargor do perfume e o trocou por algo extrema e deliciosamente estranho: o cheiro de uma floresta de carvalho no verão. Este novo Eau d’Orange Verte, enquanto ainda abençoadamente unissex, agora está mais amistoso e muito mais humano.

As duas novas variações de Ellena são Eau de Gentiane Blanche (genciana é uma erva que dá flor) e Eau de Pamplemousse Rose (toranja rosa). O primeiro é mais interessante, com aspectos de laranja verde e o cheiro estranho e intrigante da genciana. A segunda é muito mais agradável e muito mais simples. Eau de Pamplemousse Rose é uma colônia agradável e docemente efervescente da toranja rosa da Flórida. Ela evoca a casca da fruta sendo retirada sob o sol.

Entretanto, é uma água, e o problema técnico ancestral permanece vivo. Estas delícias simplesmente não duram na pele. A meia-vida do Orange Verte é de 10 minutos. Pamplemousse tem apenas 5 minutos. E nenhum dos dois permanece no ar. A proximidade necessária para senti-lo de verdade pode levar alguém para a cadeia em alguns países. Em termos diretos de crítica, preciso atribuir a eles dois frascos.

Custando US$165 por 200ml, são verdadeiros luxos. Mas são tão agradáveis e fugazes quanto a leve brisa que te lambe e vai embora. Tem algo a ser analisado nas fragrâncias cuja adorabilidade é compartilhada somente por aqueles que estão mais perto.

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